terça-feira, 3 de maio de 2011

Sobre um Lucas que não estava no formigueiro


Desde os primeiros cânones das Sagradas Escrituras, o terceiro evangelho do Novo Testamento é reconhecido como de autoria de Lucas, o médico de homens e de almas, como ficou conhecido. Irineu, um dos pais da Igreja, já citava o Evangelho Segundo Lucas em suas obras, por volta do ano 180 d.C.

Lucas, grande amigo e companheiro de ministério do apóstolo Paulo, é o único autor gentio do Novo Testamento. Embora não tenha sido testemunha ocular da vida de Jesus Cristo, andou com Deus, cheio do Espírito Santo, O qual o inspirou a escrever este Evangelho e o livro de Atos e a servir como missionário até sua morte.

Lucas nos informa que seu trabalho foi beneficiado pela obra de outros, que ele consultou várias testemunhas oculares, e que selecionou e dispôs as informações com extremo cuidado, sob a direção do Espírito Santo, a fim de instruir Teófilo quanto à fidedignidade da fé em Jesus Cristo:

Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído. Lucas 1.1-4

O Evangelho de Lucas é especificamente endereçado a Teófilo, cujo nome significa "aquele que ama a Deus". Entretanto, o Espírito Santo ampliou em muito o alcance dessa obra, destinando-a a todos aqueles que amam a Deus e desejam saber a verdade sobre Jesus Cristo, nosso Salvador.

O evangelista trata Teófilo por "excelentíssimo" o que reforça a idéia de que esse livro tinha como principal objetivo um leitor em especial: um alto oficial do Império Romano que, segundo historiadores, desejoso de conhecer a verdade, patrocinou Lucas nesse projeto e investigação acurada de todos os fatos concernentes à vida e obra de Jesus Cristo, cujo ensino já invadia Roma, convertendo multidões.

Naquela época, surgiam vários relatórios falsos sobre Jesus e tanto Teófilo quanto o próprio Lucas tinham grande interesse em produzir um documento histórico claro e verdadeiro sobre a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Nota-se também que o autor revela interesse especial por detalhes nos quadros que descreve.

Considerando que os últimos capítulos do livro de Atos mostram Paulo em Roma, e que Lucas foi publicado antes de Atos, pode-se concluir que este Evangelho foi escrito entre os anos 59 e 64 d.C., em Cesaréia, durante os dois anos em que Paulo esteve preso ali por pregar a Palavra de Deus.

Lucas tinha completo domínio da língua grega da época. Seu vocabulário é amplo e rico, e seu estilo é sensível à cultura e geografia de cada lugar sobre o qual narra fatos passados.

Somente Lucas registra a anunciação a Zacarias e Maria, os cânticos de Isabel e Maria, o nascimento e a infância de João Batista, o nascimento de Jesus, a visita dos pastores, a circuncisão de Jesus e Sua apresentação no Templo, detalhes da infância de Jesus e até alguns dos pensamentos íntimos de Maria, mãe de Jesus. Também neles encontramos os relatos de Zaqueu (Lc 19.1-10); do ladrão que se arrepende (Lc 23.39-43), do ex-leproso agradecido (Lc 17.11-19), e as parábolas do filho pródigo (Lc 15.11-32), do publicano arrependido (Lc 18.9-14) e do bom samaritano (Lc 10.29-37). Lucas ainda dá especial atenção à disciplina espiritual da oração: falar com Deus (Lc 3.21).

Por Diego Cesar

Nenhum comentário:

Postar um comentário