quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um bom livro?


A maioria dos livros da Bíblia foi escrita em hebraico. Durante a dominação greco-macedônica por Alexandre Magno (320 – 167 a. C.), os judeus que viviam na diáspora (ou dispersão) falavam grego e já não entendiam o hebraico. Sentiu-se, então, a necessidade de traduzir a Bíblia hebraica para o grego.

A tradição diz que cerca de setenta escribas sábios vieram de Jerusalém para Alexandria (Egito) e, em setenta dias, traduziram todos os livros das Escrituras para o grego. Daí o nome Septuaginta (Tradução dos Setenta, ou ainda LXX), feita nos III e II séculos antes de Cristo.

Outros livros foram traduzidos ao longo dos dois séculos seguintes. O certo é que não fica claro quando ou onde cada tradução foi realizada. Alguns livros podem inclusive ter sido traduzidos mais de uma vez, configurando diferentes versões e posteriormente revisados. A qualidade e o estilo dos diferentes tradutores também variavam consideravelmente de livro a livro, indo da tradução literal, à de paráfrase e à interpretativa, o que pode alterar o conteúdo da mensagem apresentada, bem como sua fidelidade com o texto original. De acordo com a avaliação do estudioso Godfrey Driver, o Pentateuco foi razoavelmente bem traduzido, mas o resto dos livros, especialmente os poéticos, foram em geral mal feitos e contém mesmo alguns absurdos.

Aspecto controverso nesta tradução também é a presença de livros mais recentes, como Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e 1-2 Macabeus, que foram redigidos neste período de dominação grega, ou seja, no intervalo temporal entre o Antigo e o Novo Testamento.

Para evitar que problemas quanto à autenticidade dos escritos bíblicos, os doutores judeus decidiram, em Jâmnia (85 d. C.), excluir da lista oficial dos livros sagrados os escritos em grego.

Martinho Lutero adotou a lista estabelecida pelo cânone judaico, excluindo os livros produzidos no período macedônico, o que foi seguido pela maior parte das Bíblias evangélicas.

No entanto, diversas traduções da Bíblia tomaram como base os textos da Septuaginta. Anglicanos, assim como a Igreja Ortodoxa, usam todos os livros exceto o Salmo 151, e a Bíblia Versão do Rei Tiago (King James Version) inclui estes livros adicionais em uma parte separada chamada de Apocrypha. A Igreja Católica, por sua vez, incluiu na sua versão da Bíblia os livros escritos em grego e os considera também como sagrados.

Por Diego Cesar

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