segunda-feira, 29 de agosto de 2011

12 homens e um livro secreto


E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Atos 2.42

Didaquê (que significa em grego clássico "ensino", "doutrina", "instrução") ou Instrução dos Doze Apóstolos (do grego Didache kyriou dia ton dodeka apostolon ethesin) é um escrito do século I que trata do catecismo cristão. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor histórico e teológico.

Estudiosos estimam que são escritos anteriores a destruição do templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. Outros estimam que foi escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto a origem sendo na Palestina ou Síria. Afirma-se que a Didaquê é uma compilação anônima de diversas fontes derivadas da tradição viva, de comunidades eclesiais bem definidas.

Quanto a sua autenticidade, é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda que o título do escrito lhes faça menção. Contudo, estudiosos acreditam na compilação de fontes orais tendo recebido os ensinamentos dos discípulos diretos de Cristo, que resultaram na elaboração do texto. Também é senso comum que tenha sido escrito por mais de uma pessoa.

O texto foi mencionado por escritores antigos, inclusive por Eusébio de Cesaréia que viveu no século III, em seu livro "História Eclesiástica", mas a descoberta desse manuscrito, na íntegra, em grego, num códice do século XI (ano 1056) ocorreu somente em 1873 num mosteiro em Constantinopla, por Filoteos Bryennios. Este publicou o texto no ano de 1883, na mesma cidade. Após, em 1887, o manuscrito foi levado para a Biblioteca Patriarcal de Jerusalém, onde se encontra até hoje.

Nos escritos da Didaquê, além da catequese e liturgia cristã, o evangelho de Jesus é recomendado. A compilação também cita a oração do "Pai Nosso" como sendo ensinada pelo Senhor e finda com a afirmação em consonância com o livro Apocalipse, do Novo Testamento, de que Cristo voltará.

No livro também são reforçados a realização da Ceia do Senhor e do batismo em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, sendo argumento para os que aceitam o dogma da Trindade, contrapondo-se a defesa dos não trinitários de que não existiam escritos cristãos do primeiro século que defendessem o batismo no nome de Jesus.

Por fim, a Didaquê cita diretamente ou faz menção indireta a diversos livros do Novo Testamento: Mateus, Lucas, 1 Coríntios, Hebreus, 1 Pedro, Atos dos Apóstolos, Romanos, Efésios, Tessalonicenses e Apocalipse.

Por Diego Cesar

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