quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Lições da neta de uma prostituta


Numa postagem anterior, falamos sobre como Jefté se levantou como juiz do povo de Israel, a despeito de ser desprezado pela própria família pelas condições de seu nascimento. Todavia, aquele homem sabia dos propósitos de Deus para sua vida e lutou para que estes se cumprissem.

Outro fato curioso da vida de Jefté foi um voto que ele fez quando da batalha contra os amonitas, que eram ferrenhos opositores da nação hebreia:

Fez Jefté um voto ao Senhor e disse: Se, com efeito, me entregares os filhos de Amom nas minhas mãos, quem primeiro da porta da minha casa me sair ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do Senhor, e eu o oferecerei em holocausto. Juízes 11.30-31

Como todos sabemos, Jefté venceu aquela batalha de maneira milagrosa. Porém, quando retornou à sua casa:

Vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, com adufes e com danças; e era ela filha única; não tinha ele outro filho nem filha. Quando a viu, rasgou as suas vestes e disse: Ah! Filha minha, tu me prostras por completo; tu passaste a ser a causa da minha calamidade, porquanto fiz voto ao Senhor e não tornarei atrás. E ela lhe disse: Pai meu, fizeste voto ao Senhor; faze, pois, de mim segundo o teu voto; pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom. Disse mais a seu pai: Concede-me isto: deixa-me por dois meses, para que eu vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras. Consentiu ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses; então, se foi ela com as suas companheiras e chorou a sua virgindade pelos montes. Ao fim dos dois meses, tornou ela para seu pai, o qual lhe fez segundo o voto por ele proferido; assim, ela jamais foi possuída por varão. Daqui veio o costume em Israel de as filhas de Israel saírem por quatro dias, de ano em ano, a cantar em memória da filha de Jefté, o gileadita. Juízes 11.34-40

A discussão fica se aquele homem de Deus realmente sacrificou a sua filha para cumprir o voto que tinha feito com o Senhor. E a resposta é sim!

Calma! Jefté não pôs em prática aquilo que Abraão esteve às vias de fazer com Isaque no monte Moriá. Aquela jovem também não foi fatiada e assada pelo próprio pai.

Os juízes foram levantados por Deus para que o povo de Israel tivesse a oportunidade de restabelecer-se moral e espiritualmente. Assim sendo, não seria plausível que o Senhor elegesse uma pessoa que vivesse em pecado ou de coração impuro para chefiar o Seu povo.

Era necessário que o juiz fosse obediente à Lei [uma vez que Moisés já havia recebido as Tábuas e divulgado toda a doutrina hebraica algumas centenas de anos antes]. Isso tanto é verdade que o próprio Jefté tomou como justificativa para o holocausto de sua filha a Lei mosaica, parafraseando uma passagem de Números, um dos livros do Pentateuco, ou seja, mergulhado na doutrina do povo hebreu:

Quando um homem fizer voto ao Senhor ou juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, fará. Números 30.2

Sendo Jefté tão obediente à Lei, porventura ele iria violar um dos preceitos fundamentais [leia-se mandamento] para fazer valer um voto diante de Deus? Creio que não.

A Palavra é clara. Ao povo de Deus [e inclusos nele estamos eu e você] é proibida a ação de matar. E isso independe da abolição da Lei pelo sacrifício de Jesus, já que Ele mesmo confirmou a aplicabilidade dos mandamentos para quem O seguia [Mateus 22.36-40].

Se Jefté não matou sua filha, de que maneira então se consumou o holocausto dela? Para isto, precisamos de uma leitura mais atenta. A filha daquele juiz rogou que este permitisse que ela chorasse sua virgindade com suas amigas [Jz 11.37].

Partindo desse pressuposto e verificando que a jovem "jamais foi possuída por varão" [v. 39], vemos que, na verdade, o holocausto que Jefté promoveu à sua filha foi o de que sua filha serviria ao Senhor em Sua casa pelo resto de sua vida, permanecendo virgem. Então, Jefté estaria destinando sua única filha para o serviço do Senhor com o voto de castidade perpétua, o que significaria o fim de sua própria linhagem dentre os filhos de Israel.

Este é o real significado do holocausto da filha de Jefté. E quer saber de uma coisa mais forte ainda? Nós também somos chamados para este mesmo voto:

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12.1-2

Fica a dica. Cabe a você e eu vivê-la.

Por Diego Cesar

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